MELASTOMATACEAE

Behuria corymbosa Cogn.

Como citar:

Patricia da Rosa; Rodrigo Amaro. 2017. Behuria corymbosa (MELASTOMATACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

1,397 Km2

AOO:

8,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie nativa; endêmica do estado do Rio de Janeiro (Baumgratz e Chiavegatto, 2015); apresenta ocorrência restrita aos Campos de Altitude da Serra dos Órgãos, na localidade da Pedra do Sino, no município de Teresópolis (Tavares, 2005; Baumgratz et al., 2014, Bochorny et al. 2017) e no município de Nova Friburgo (A.F. Glaziou, 19342 e Glaziou 17563), na localidade de Macaé de Cima.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Patricia da Rosa
Revisor: Rodrigo Amaro
Critério: B2ab(ii,iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Espécie arbustiva terrícola, endêmica do estado do Rio de Janeiro, presente nos Campos de Altitude do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Tavares, 2005; Baumgratz et al., 2014), nos municípios de Teresópolis e de Macaé de Cima, e no município de Nova Friburgo. É conhecida por escassos registros de coleta (Tavares, 2005). Recentemente, um grupo de especialistas encontrou uma subpopulação na localidade da Pedra do Sino, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, município de Teresópolis (Bochorny et al., 2017). Apresenta AOO=8 km² e duas situações de ameaça. A principal ameaça é o turismo, que nem sempre é realizado de forma adequada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, onde a espécie ocorre em uma localidade que integra uma das caminhadas mais famosas do Brasil, a travessia Petrópolis–Teresópolis (Castro, 2008). Na região de Macaé de Cima, as ameaças incidentes são a conversão de áreas de floresta em sítios de veraneio, pequenas propriedades rurais, pequenas plantações como as de inhame e de espécies exóticas florestais como de Eucalyptus sp. (Mendes, 2010, M. Moraes e P. Rosa com. pess.). Infere-se o declínio contínuo da AOO e qualidade de hábitat. Sugere-se a prospecção de novas subpopulações em ambientes semelhantes aos descritos pelos coletores e o incentivo a estudos sobre a biologia e ecologia da espécie.

Último avistamento: 2016
Quantidade de locations: 2
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Cogniaux, A., Fl. bras., 14(4): 13, 1886. Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Serra dos Órgãos, Serra dos Órgãos, Teresópolis, Pedra do Sino, IV/1870 (bt, fl, fr), A.F.M. Glaziou 3970. Lectótipo P, RB; Isolectótipo C, F, R. = Behuria corymbosa var. grandifolia Cogn. in A & C. De Candolle, Monogr. Phan. 7: 415, 1891. Tipo Brasil, Rio de Janeiro, Serra dos Órgãos, Petrópolis, III/1889 (fr), A.F.M. Glaziou 17563. Lectótipo R; fotos B-F, NY. A espécie encontra-se na lista de espécies procuradas pela Campanha Procura-se. Em abril de 2017 foi publicado um artigo que divulgou a redescoberta de três espécies de Behuria endêmicas do Rio de Janeiro, incluindo B. corymbosa.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Não

População:

Flutuação extrema: Não
Número de subpopulações: circa 2 /2

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: bush
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Campo de Altitude
Fitofisionomia: Campos de Altitude, Refúgios Ecológicos Alto-montanos
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Detalhes: Arbusto, terrícola (BFG, 2015) endêmica de Campo de Altitude do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis (P. Schwacke 4623) e Macaé de Cima (A.F.M. Glaziou 19342).
Referências:
  1. BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66(4): 1085-1113.

Reprodução:

Detalhes: Período de floração e frutificação segundo Tavares (2005).
Fenologia: flowering (Jan~Apr), fruiting (Fev~Apr)
Referências:
  1. Tavares, R.A.M. 2005. Revisão taxonômica do gênero Behuria Cham. (Melastomataceae). Dissertação de Mestrado. Museu Nacional/UFRJ, Rio de Janeiro.

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat,occupancy,occurrence past,present,future local very high
As áreas de possível ocorrência da espécie na Serra dos Órgãos, incluindo a única localidade descrita nos registros de ocorrência (Pedra do Sino), sofrem um grande impacto antrópico, devido a exploração desordenada do turismo (Tavares, 2005). A espécie foi encontrada na trilha da travessia Petrópolis-Tersópolis, dentro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na localidade chamada de "Cavalinho" (Bochorny et al. 2017). Esta travessia é uma das mais famosas do Brasil.
Referências:
  1. Bochorny, T., Bacci, L.F., Goldenberg, R., 2017. Following Glaziou’s footsteps: rediscovery and updated description of three species of Behuria Cham. (Melastomataceae) from the Atlantic Forest (Brazil). Phytotaxa 302 (3): 229–240.
  2. Tavares, R.A.M. 2005. Revisão taxonômica do gênero Behuria Cham. (Melastomataceae). Dissertação de Mestrado. Museu Nacional/UFRJ, Rio de Janeiro.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,locality past,present regional medium
Historicamente, no município de Nova Friburgo e na área onde se encontra a APA de Macaé de Cima, praticava-se agricultura de subsistência e de base familiar em pequenas e médias propriedades, com plantio de feijão, mandioca e hortaliças e, em menor quantidade, criação de animais (Mendes, 2010).
Referências:
  1. Mendes, S.P., 2010. Implantação da APA Macaé de Cima (RJ): um confronto entre a função social da propriedade e o direito ao meio ambiente ecologicamente preservado. V Encontro Nac. da Anppas, Florianópolis, SC.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1 Residential & commercial development habitat,occupancy present regional medium
Devido à beleza cênica e ao elevado estágio de preservação da Mata Atlântica, a região de Nova Friburgo despertou a atenção de admiradores da natureza na década de 1970. A área tornou-se um lócus de atração turística, e como consequência, houve uma substituição das atividades agropecuárias por atividades vinculadas ao turismo. Propriedades que antes eram destinadas à agricultura foram substituídas por pousadas, hotéis, restaurantes e casas de veraneio (Mendes, 2010). Na busca de uma forma alternativa de vida, além dos turistas considerados visitantes, novos moradores se instalaram em Nova Friburgo fugindo de centros urbanos. Isso gerou substituição de atividades agropecuárias por atividades vinculadas ao turismo, à construção civil, ao comércio e à prestação de serviços, a fim de atenderem as novas demandas da região, e se transformaram as principais fontes de renda de seus antigos moradores. Muitos imóveis que possuíam funções agrícolas voltadas à produção, foram alterados para se tornarem residências, sítios de veraneio ou pousadas, locais de consumo e de “contemplação da natureza”, gerando novos valores e reconfigurando o território (Mendes, 2010).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2.1 Small-holder plantations locality,habitat present,future regional high
Durante as expedições de campo da Campanha Procura-se foram registradas as presenças de plantações de Eucalyptus sp. e pequenas lavouras de inhame (M. Moraes e P. Rosa, com. pess.).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Ocorre nos Campos de Altitude do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Tavares, 2005; Baumgratz et al., 2014).
Referências:
  1. Tavares, R.A.M. 2005. Revisão taxonômica do gênero Behuria Cham. (Melastomataceae). Dissertação de Mestrado. Museu Nacional/UFRJ, Rio de Janeiro.
  2. Baumgratz, J.F.A.; Santos Filho, L.A.F. & Silva-Gonçalves, K.C. 2014. Melastomataceae. Catálogo das espécies de plantas vasculares e briófitas do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://florariojaneiro.jbrj.gov.br.
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Na localidade há a atuação da APA Macaé de Cima que são compostas por algumas RPPNs. Algumas destas RPPNs tem proprietários muito engajados com a preservação da área como Isabel Miller da RPPN Sítio Bacchus e Bernardo Fuhrer e Lúcia Morelenbaum do Sítio Toca da Coruja. Estes últimos pretendem transformar o sítio em RPPN em um futuro próximo (P. Rosa com. pess.).